Eu já sou dadora de sangue há quatro anos, a minha primeira dádiva foi uns dias depois de completar 18 anos e, desde aí, fui assídua nas dádivas, de quatro em quatro meses lá estava eu pronta a dar o meu pequeno contributo. Infelizmente já há um ano que não contribuía, por uma anemia e por não estar por estas bandas nos dias das dádivas. Hoje voltei feliz e contente para contribuir. Afirmei-me como saudável, com mais de 50kg e garanti que não me senti mal anteriormente. Torceram o nariz. «Tem a certeza que não é a primeira vez? Que idade tem? 50kg? Tem menos, certamente. Vá tomar um café cheio com muito açúcar para não correr mal.» E lá fui, café com açúcar, que eu não gosto nada, embarcou e segui para dar sangue. Novamente: «Tem a certeza que está a dizer a verdade? Mais de 50kg? Já deu 8 vezes e correu bem? Ai, tenho de confirmar.» E o homem foi confirmar. Confirmou, surpreendido, que já tinha dado essas vezes todas e nunca me tinha sentido mal, que tenho a hemoglobina e a tensão arterial em bons níveis. Achou-me demasiado saudável e andou à minha volta o tempo todo. «Está bem? Olhe, vai sair daqui com menos meio quilo, tenha cuidado, não faça esforços, beba água. Para a próxima quero-a com mais um quilo ou dois.» E bla bla bla. Estou aqui (quase) como antes, firme, para as curvas, mas um pouco desapontada.
Há pouco mais de um ano, neste local onde vou dar sangue, éramos cerca de 150 dadores, hoje previam-se apenas 120 e foram 70 e poucos. Dizem que faltam jovens, que as pessoas se importam menos. Eu não sei a causa. Sei é que não custa nada. E quem não tem problemas de saúde que impeçam devia pensar nisto, devia pensar que se for e contribuir, talvez faça outros próximos de si contribuir para a causa. Eu saio dali com a sensação de dever cumprido, recebo sempre uma mensagem com a informação relativa ao estado do meu sangue e ainda, de alguma forma, ajudo os outros. Repito, não custa nada. Pensem nisso, vejam o site do Instituto Português de Sangue, percebam se podem ou não contribuir e encontrem onde. Já agora, aproveitam e inscrevam-se como dadores de medula óssea. Neste caso é sem compromisso, no caso de encontrarem algum doente compatível ainda terão oportunidade de decidir, com os prós e os contras, se o querem fazer.
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