Ao que parece, atingimos mais um record histórico de nascimentos em Portugal em 2013. O número diminuiu cerca de 10%, aproximadamente o mesmo decréscimo que se deu em 2012. Isto é, nas salas de aula onde os meninos já são poucos e as escolas fecham ou estão em vias de tal, haverá daqui a 5 anos menos um menino em cada 5.
Não sei se é tão chocante para mim como para quem está desse lado, mas pegar pelo desemprego dos professores é um soft dos pontos de vista. Falar da troika e de como uma população envelhecida deixa estes 4 meninos que dantes eram 5 (ou 20 quando os velhinhos nasceram) a pagar uma dívida que não parece ter fim, por estes 4 meninos e pelos 20 velhinhos. Pagar uma dívida com um quinto das pessoas, exige 5 vezes o trabalho que se faz atualmente por uma população informada. População essa que ainda deverá pagar a reforma de todos aqueles que trabalharam para ela. População essa que terá ainda menos tempo para si própria, para ganhar dinheiro e namorar para ter filhos. Ou pelo menos mais do que um filho.
Será que daqui a 20 anos ainda se tem pelo menos um filho ou o normal será nenhum? É coisa que me preocupa por questões políticas, económicas, mas mais do que tudo sociais. Imagino-me velhinha com netos. Imagino-me uma velhinha feliz a gozar da minha velhice e da minha reforma. Mas se os netos não sõa garantidos, a reforma também não, apenas terei velhice certa. Isto entristece-me. É longínquo, é uma realidade fictícia e fantástica, mas uma pontinha de mim fica desolada só de imaginar.
Sou das que ainda sonha ter filhos. Gostava mesmo de ter vários filhos, de ter uma família grande (ou um bocadinho grande), de ter a casa sempre cheia e alegre. Mas e se isso não for possível? Se apenas for possível ter um filho. E se os meus amigos todos também só tiverem um filho? Qual vai ser a graça de ter a casa vazia? Do meu filho único só ter dois ou três amigos para brincar? Como vai ser uma sociedade de filhos únicos pouco habituados a conviver, ceder, partilhar? Como vai ser uma sociedade de filhos únicos a trabalhar 5 vezes mais do que o que nós trabalhamos?
Algumas respostas e opiniões nesta reportagem (brutal) do público.
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