Eu tenho um dom

Tenho um problema: às vezes gosto de não fazer nada. Pior, enquanto não faço nada, ainda me arrelio com isso. Até acho que é um dom. Conseguir estar no computador e não fazer nada só pode ser um dão. Limitar-me a saltitar entre páginas. Ou perder horas entre o vou-me vestir, o vou ficar aqui mais um bocadinho, vou-me vestir, mais um joguinho-da-treta e já lá vou. Entreter-me com qualquer coisa, rigorosamente qualquer coisa. O meu problema problema nem é o perder tempo a ler blogues ou notícias, é mesmo nem sequer fazer isso. Não fazer nada é estar sentada ao computador, para trabalhar, e dar por mim a tirar o verniz das unhas, por exemplo. Quando o verniz nem sequer é para tirar. Ou roer as unhas quando não roo as unhas desde a escola primária. 

O meu maior desafio este ano é minimizar esse tempo. Implica esforço, mas não tem sido assim tão difícil. Deixei de ver a pouca televisão que ainda via. Ou, no limite, vejo só os programas que possa seguir pela internet. Se der por mim a não fazer nada, abro o blog e escrevo qualquer coisa que, grande parte das vezes, nem sai dos rascunhos. 

Não me encanita (esta palavra blogosférica tem uma certa personalidade) ter hobbies que me façam trabalhar menos um bocadinho. Preciso é de me sentir produtiva, de sentir que rentabilizo o tempo. E este meu dom de não fazer nada irrita-me precisamente por isso. E um dom é coisa que se esconde e se tenta esquecer, mas fique sempre ali. Tem raízes fundas, crónicas e bem presas. 

Um dia vou ter este meu dom crónico bem encoberto. Vou ser pessoa que não se demora com a preguiça. Vou ser um bicho rápido e mega produtivo. E assim vão-me sobrar segundos, até minutos! Não vou ficar ansiosa porque o prazo está mega perto. Vou ser alguém com tempo livre para o ocupar com mais coisas!
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