As coisas boas das coisas más

Uma vez disseram-me que o nosso cérebro era infinito. Claro que eu não me revi nisto, além de distraída sou esquecida, tenho a memória de um peixinho dourado e tudo o que envolve memorização é um grande sacrifício para mim. Não sou boa nas coisas do agora e já nem sequer sou capaz de me lembrar de todas as pessoas que fizeram parte das minhas turmas, como fui um dia. Não sou boa a línguas, o vocabulário tem de ser decorado e às vezes não tenho muito espaço para ele. Mas, mesmo assim, um dia, disse que além de matemática, tinha outra disciplina favorita: inglês. 

Pelo mesmo motivo, no 7o ano quis escolher alemão como segunda língua estrangeira. Esse motivo era um professor. Um professor pode ter esta fama e este poder sobre os alunos. Eu queria ter alemão porque os meus colegas mais velhos também tinham e quase espalhavam magia depois das aulas daquele professor. 

Não tive alemão, mas tive inglês com ele. A minha memória de peixinho dourado lembra-se como se fosse hoje em que lugar me sentava nas aulas daquele professor. Guardo a boa disposição e a forma de ensinar, de manter uma postura e de brincar (imitar uma foca numa aula de inglês pode não ser grave) daquele professor. Guardo-o como uma pessoa com a maior vocação do mundo para o que fazia. Esta forma de marcar alguém, de fazer alguém que não é bom a línguas querer aprender mais, é mesmo a melhor forma de ter a sensação de missão cumprida. Sei que ainda tinha muitas histórias por cumprir. Mas espero que tenha sentido o que de bom fez, no fim da história, e que continue a ensinar inglês e alemão tão bem, por onde andar agora.
Próximo post:
« Próximo post
Post anterior:
Post anterior »
1 Comentários fofinhos
avatar

Melhor ainda. Eu não fui aluna dele e lembro melhor dele do que de professores meus (não tenho a certeza se me lembro de todos os meus professores já...). Isso deve quer dizer alguma coisa não é? Acho que sim: maior vocação do mundo para o que fazia é uma boa definição.

Responder