Nota: No fundo não é isto, mas neste exato momento é

Desde há uns anos que odeio dezembro. O problema está em ser natal e o mês dos meus anos, conjugado com trabalho. Com muito trabalho. Trabalho daquele que sufoca, daquele que dá vontade de mandar parar e calar o mundo. No fundo, daquele que só seria feito com fôlego se o tempo parasse e retomasse apenas com a nossa autorização.

Como tal, aqui declaro, não gosto de dezembro nem do tempo de natal. Não gosto propriamente por achar ridículo, mas sim por não gostar desta angústia que se apodera de mim, que me aperta o peito e diz para eu não respirar. 

Mais do que não gostar de dezembro, odeio contagens decrescentes para o natal. Odeio que me digam com ares felizes, empolgados e excitados que só faltam não sei quantos dias para o natal. Porque isso só me sufoca mais. Faz com que a minha gargarganta se enrole mais sobre ela própria e deixe passar menos ar. 

Odeio ter de pensar a que alturas devo ir ao shopping sem amaldiçoar o mundo e pensar nos minutos preciosos que estou a perder em compras, em vez de os gastar a trabalhar. Odeio adorar oferecer presentes e ter de pensar neles sobre pressão. Odeio enfiar-me num café de manhã até à noite, que nem uma sem abrigo, para que o mínimo me distraía, para que eu sinta que saí de casa para trabalhar, para que essa pressão me faça escrever mais rápido do que eu me achei alguma vez possível. Odeio estar aqui sentada enquanto os outros fazem compras, decoram a casa ou embrulham presentes.



Um dia, quando dezembro for diferente, volto a gostar de tudo e serei, certamente, mais feliz. 
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