Serra do Gerês - parte 1

As férias também são boas porque mudamos de casa. As férias podem ser melhores ainda se mudarmos de casa muitas vezes. Mudar de casa traz a sensação de recomeço, traz o prazer de reconhecer casa em lugares diferentes que nos fazem igualmente felizes.

O terceiro dia de férias foi dia de mudarmos de pouso. E se encaixotar toda uma vida (ainda que seja uma vida de dois dias) é uma chatice, sentir que está tudo muito arrumadinho e organizado é revigorante. Saímos de Melgaço e seguimos para sul.

A paragem para o almoço fez-se em Arcos de Valdevez, uma cidadezinha que nos impressionou. Ao contrário dos locais anteriores, sentimos uma cidade bem explorada, com uma zona comercial que nos fazia efetivamente sentir na cidade. No entanto, a sensação não era duradoura porque o sotaque dos locais não engana ninguém.

Arcos de Valdevez
À saída de Arcos de Valdevez enganamo-nos no caminho - eu não saberia conduzir de outra forma -, andamos uns bons quilómetros para trás e quando nos entendemos com as placas, chegou a parte do percurso em que eu tinha decidido não seguir o GPS. E porquê? Porque o percurso indicado tinha muitas curvas e ravinas. Arrependi-me parcialmente quando comecei a ver a largura das estradas alternativas, mas encontrei um morador que me mudou as ideias. Esse morador tinha um discurso tipo alentejano - tudo muito perto - e disse-me que aquele caminho por onde ia era muito mais curto, muito mais bonito, tralala tralolo. Perguntei-lhe se tinha muitas subidas - nas férias de 2014 fiquei com algum trauma a caminhos íngremes -, o senhor consentiu. Bem, já custava ir para trás e como o caminho era "muuuito mais curto" fomos. Fui devagarzinho, devagarzinho porque nunca sabia o que me aparecia no final da curva e porque a imagem de dois carros em paralelo ali era aterrorizador. Fui, fui e fui.

Não sabíamos bem por onde passávamos, mas sentíamos o bater do coração do Gerês. Paramos o carro para ouvir melhor. Saímos e o silêncio mexia connosco, não estamos habituados a ele. A máquina fotográfica não captava a beleza da paisagem, mas os olhos estavam espantados. O cheiro era puro e ficamos ali uns minutos sem ouvirmos mais nada, sem passar ninguém.

Mais à frente foi um fato - conjunto de cabras - que nos parou por cinco minutos. Elas vinham mesmo pelo meio da estrada e, umas atrás das outras, foram-se desviando e passando por nós com ar confiante e até um pouco convencido, como se nos dissessem que quem estava mal lá éramos nós.

As prioridades da estrada no Gerês dependem da pré-disposição dos animais.
Uns bons quilómetros à frente  passamos pela barragem do rio Homem e o Parque de Campismo de Cerdeira - um dos melhores do país - ficava logo a seguir.

Quanto ao parque... há algumas críticas a fazer no próximo post. Quanto ao Gerês, não há crítica nenhuma.
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