Primeira entrevista de emprego

Ainda não contei sobre a minha primeira entrevista de emprego "à séria". Foi há duas semanas e não contei porque me sinto como um tolo no meio da ponte, sem saber se devo ficar feliz se triste. E esta é a pior sensação, o impasse. É-o pelo menos para mim que gosto que as coisas sejam bem despachadinhas. O impasse entedia-me, atrasa-me a vida, torna o meu tempo inútil. Impasse é o melhor resumo para a sensação que a minha entrevista de emprego me deixou.


Imagem daqui.


A entrevista estava marcada para as 12h45. Em Portugal ninguém marca entrevistas para as doze-e-quarenta-e-cinco porque mexe com a hora do almoço, porque não dá jeito e porque e-quarenta-e-cinco não é hora para reuniões em Portugal. Aqui não há cá coisas, e-quarenta-e-cinco é uma hora como outra qualquer e o almocinho pode bem ser adiado. Muito bem, eu, que queria estar cheia de energia, comi às 11h e qualquer coisa. Depois disso vesti-me. É sempre uma incógnita o que vestir para uma entrevista, que depende do país, da empresa. Mais ou menos formal? Intermédio. Mas que raio é o intermédio? Sapatos altos não será demasiado? Eu nem um-metro-e-sessenta tenho e não há austríacas tão baixas. Sapatos altos, sim. Pretos e de salto largo para que os tremeliques dos nervos não me desequilibrem. Camisa azul e calças pretas, nada mais sóbrio. Casaco rosinha para cortar a monotonia da coisa. Maquilhagem? Outra incógnita. Não me ia apresentar de lábios vermelhos. Não tenho experiência nem confiança para tanto. Mas também não me ia apresentar com aquelas olheiras e aquele tom pálido de quem não apanha sol há uns 10 anos. Afinal sou portuguesa, normalmente não tenho esta cor. Juntando o meu ar de miúda de 18 anos enfiada numas botas de salto alto, definitivamente precisava de qualquer coisinha na cara. Uma base da cor do meu tom de pele normal, muito leve, para não cair desastradamente no ar de boneca de porcelana, e um batom castanho, para reforçar o meu ar de morena. Finalmente, saí de casa para apanhar o elétrico. O elétrico foi muito devagar. Demasiado devagar. E eu lá dentro, no impasse. Cheguei, caminhei até ao edifício, falei alemão com a senhora da receção que me pediu para aguardar. Gosto tanto de aguardar. Gosto tanto do impasse entre o agradável que é ter tempo para respirar fundo e o sacana do tempo que não passa para que despachemos a coisa rapidinha! Não falando na estupidez que é olhar para cada ser que surge e olhar para ele como se fosse a pessoa a quem tenho de agradar. Uns eternos minutos depois,lá me foram buscar. Levaram-me para outro edifício, que a empresa é gigante. A entrevista em si tinha começado.

Gostei da entrevista, gostei do tom descontraído e à vontade. Não gostei das típicas perguntas que permitem aos senhores dos recursos humanos recolherem informações subliminares sobre nós. Não gosto dessas perguntas porque é fundamental que se seja verdadeiro, para que perdida entre os nervos não me torne contraditória, mas também é importante limitar a verdade porque há determinadas características que um empregador não tem de saber.

Como correu? Eu acho que bem, senti-me confortável. Senti que também gostaram de mim. Ainda estou na dúvida se estou surpreendida do quanto consigo pensar só em inglês e confusa com as calinadas que cometi. A falta de contacto com empresas é um ponto que joga muito contra mim, mas tudo o resto joga a favor, no meu ponto de vista. Disseram que entrevistariam outros candidatos e que até ao final de fevereiro me dariam uma resposta quanto a próximas fases de candidatura. E final de fevereiro é um mês depois. UM-MÊS-DEPOIS. Tento não me iludir. Tento esquecer que aquilo existiu para não atualizar o email a cada 5 segundos. Tento convencer-me que não fico com o trabalho e passar à frente, pensar no a seguir. Mas não estou a conseguir. Não é fácil eliminar algo que se quer muito. MUITO. Então, fico no impasse. No sacana e maldito do impasse.  

Mais novidades virão, desejem-me sorte. Ou pelo menos desejem que não pretenda atirar-me da ponte (calma, private joke).
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