Questionar a privacidade

Às vezes questiono-me sobre toda a exposição a que me (nos) sujeito(amos) na internet. Este blog, o facebook, o instagram. Às vezes acho que é demasiada, que o mundo sabe o que faço, o que penso e o que acho e que de outra forma não saberia. De outra forma tudo seria mais privado, mais meu e mais único. Até que ponto é que é certo e faz sentido?


Junto à catedral de Eindhoven.
Mas, depois, lembro-me sempre do reverso da moeda. Lembro-me do lugar onde moro, do mundo ser pequenino mas existir distância, e a internet, toda a patilha e "exposição" encurtam-na, e reduzem-na a quase a nada.  Lembro-me que só partilho aquilo que quero e que o mais privado não é escrito ou expresso. Lembro-me que só relato a minha vida e a de mais ninguém que não queira ser relatada. Partilho fotografias, que os mil e não sei quantos amigos que tenho no facebook veem. E não, não são todos amigos do peito, mas são todos pessoas que conheci em algum momento da minha vida. Da mesma forma que gosto de estar cá e saber o que acontece com os meus amigos e conhecidos de bom e feliz - é só isso que partilhamos, ou pelo menos é o meu princípio -, os lugares que conheceram, as gargalhadas que deram e o que aprenderam, gosto de partilhar o mesmo, para que os outros também saibam. É uma forma de mantermos o contacto, sem a presença física, e de vermos que cada um, à sua maneira, procura a felicidade, procura andar para a frente. Ou então não, simplesmente vive uma vida calma e pacata.

A verdade é que se este blog não fosse assinado, eu escreveria muito mais coisas, teria muito menos filtro e também partilharia as coisas menos boas. Talvez este blog fosse muito diferente se não soubessem que sou eu que o escrevo, seria menos divertido, mais cru e mais descritivo - sim, ainda mais. Mas não é e eu filtro muito o que transmito. Reescrevo frases que me pareçam ser mal interpretadas e nunca faço comentários que sejam recados ou bocas. No fundo, aqui e no facebook encontrarão sempre uma visão feliz de mim, aquela que eu procuro sempre ser. Não encontram os dias não, os dias em que tudo parece não encaixar, porque esses são só uma minoria e de queixumes está o mundo cheio.

Foi isto que o século XXI nos trouxe, mais informação, mais contacto, uma partilha mais publica e desde que tenhamos total consciência disso, não está errado. É apenas uma forma.
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