Vícios

Há quem lhe chame caça ao tesouro. É um verdadeiro vício para quem tem tempo (e às vezes para quem não tem). É como um universo paralelo. Está, teoricamente, no mesmo tempo e espaço dos locais por onde passamos todos os dias, nos locais que ousamos dizer conhecer muito bem. Embora um comum mortal não veja, há pequenos containers escondidos por lá, mesmo no coração das cidades. Aí e noutros lugares menos centrais, em lugares mais obscuros, em lugares onde ninguém faz ideia do que andam pessoas com ar de perdidas, com ar de quem procura algo que não existe, a fazer ali. Um ali que é por todo o lado, por quase todas as localidades do mundo.

Falo de geocaching, um jogo em que o único objetivo é ver para além do óbvio. É um jogo que desafia o nosso conceito de conhecer. Fazendo o paralelismo, eu passo a vida a perder coisas, nunca as encontro, mas tenho (quase) sempre a certeza que têm de estar por ali. Numa grande parte das vezes o mistério não é mistério nenhum, o perdido está efetivamente ali, camuflado, como se não quisesse ser encontrado. O geocaching tem essa base. As cordenadas, por vezes exatas, são conhecidas e há pistas, mas as caches estão tão bem camuflados que não deixam que as encontremos. Ou porque o ambiente tem tantas coisas que nos dispersa a atenção ou porque temos falta de treino. E é intrigante saber que existe ali, ali mesmo e não ver. Já dei até por mim a sonhar que tinha encontrado uma cache que durante a caça não apareceu. É um vício, como dizia.

No outro dia, numa tarde de geocaching pelo Porto surgiu a seguinte conversa com um geocacher espanhol:

Pt - Então, também anda à procura?
Es - Sim, a minha mulher ficou a dormir, então aproveitei para encontrar algumas.
Pt - Ah, muito bem, eu ainda sou novo, encontrei poucas caches.
Es - Ah, sim, eu também!
Pt - Só encontrei 15...
Es - Eu encontrei 300. Em Espanha há quem tenha encontrado 5000 e 6000!

Em tempo de aulas e de exames, proíbo-me de entrar muitas vezes no site e explorar porque sei que vou perder horas lá, tal como vou ficar roída  por concretizar os planos todos. Agora, nas férias, tenho um objetivo, encontrar mais 40 caches até terminar agosto. Tentando, assim, entrar em tempo de aulas com este vício minimamente alimentado, enquanto aproveito para conhecer melhor o Porto e os lugares aqui perto de casa bem melhor.

Uma cache encontrada no Porto
Para curiosos que gostavam de conhecer este belo mundo, alguns conselhos:
- Se tiverem um GPS facilita-vos a busca, tal como um iPhone ou um Android, onde podem procurar aplicações de GPS e para Geocachers.
- Façam o trabalho de casa. Mesmo sem GPS, se lerem bem as pistas, os comentários, virem as fotografias e procurarem as cordenadas no google.maps poderão mesmo ter a certeza do local, antes de lá chegarem.
- Imaginem o que podem ser bons esconderijos e não desprezem lixo.
- Não comecem com caches múltiplas ou mistério, comecem com caches simples, isoladas e de grau fácil.
- Divirtam-se!

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