Aos amigos, que ficam porque assim tem de ser

Acho que a última festa de aniversário com os amigos todos que fiz, foi nos meus 17 anos. Nunca mais o fiz por opção, por conforto. Ou por menos desconforto. Tentar juntar os amigos todos quando esses todos não são um grupo de amigos não é a melhor ideia. Pelo menos para mim. Nunca se consegue manter toda a gente no mesmo assunto, na mesma conversa, toda a gente divertida, confortável e feliz. E isso deixa-me desconfortável. Ou deixava-me. Acabava a festa sempre entre o feliz por ter toda a gente perto de mim e o deprimida por não ter sido uma festa assim tão boa, com atenção e diversão para toda a gente.

Entrar na faculdade, conhecer mais pessoas e fazer anos na altura de mais trabalho, também ajudou a que o rumo das minhas festas fosse este: não haver festa. Com o tempo comecei a desvalorizar mais o dia. Comecei a achar que depois dos 19 já não me interessava fazer anos. E que infelizmente já não tinha tempo, e consequentemente assunto, para ter vontade de juntar todas as pessoas de quem gosto, e que gostava que ficassem na minha vida muito tempo, no mesmo dia e lugar.

Durante algum tempo senti um certo desconforto pela decisão de não fazer festa de aniversário. Menos desconfortável do que ter toda a gente no mesmo espaço enfadada. Mas desconfortável. Depois comecei a perceber que esse desconforto não fazia sentido e a solucionar com pequenos pedacinhos de tempo para cada grupinho, ou para amigos em particular. Entretanto alguns grupinhos foram decrescendo e crescendo, com amigos de amigos e com namorados. Outros mantém-se intactos, onde nem os namorados cabem muito bem.

Com isto aprendi que é melhor assim. Cada macaco no seu galho. As juras de amizade eternas que fazemos, não são muitas vezes eternas. Crescemos, cada um no seu sentido. O que tem de ficar, fica, à sua maneira. 


Nos últimos dias juntei alguns amigos e fomos para o campo. Já o tinha feito há dois anos com um grupo diferente. Diferente em termos de dinâmica e de personalidade. Embora sejamos todos (eu e os meus amigos) muito meninos da cidade, há sempre pessoas mais versáteis. Há pessoas que funcionam melhor num ambiente como aquele. Há sempre pessoas que funcionam melhor com pessoas diferentes do que outras. 

Ontem os meus pais perguntaram-me porque é que uma e outra pessoa não foram desta vez. A resposta é simples: porque não calhou. Porque as vidas mudam, os grupo de amigos crescem e decrescem, porque mais do que aquele grupo não funcionaria. E foi esta pergunta que me deixou a pensar, me lembrou dos meus aniversários e de como tive de aprender a lidar com as mudanças. 

Acredito sempre que a vida leva as coisas para um rumo mais de acordo com aquilo que somos. Não podemos é baixar os braços e deprimir. Temos de contornar. Tal como os mil planos que fazemos e que por um motivo ou por outro acabam por não acontecer. Isso não é mau. É só diferente e cabe-nos a nós torná-lo bom.
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