Dramas que me pairam na mioleira

Há um ano atrás estava longe de imaginar os meses que me esperavam. Estava longe de saber que poria em causa todo o tempo que estive na faculdade, longe de saber os dramas que me invadiriam e que só não me deixam desistir do mestrado porque não se deixam coisas a meio (principalmente sem saber o que fazer a seguir). 

Ao longo deste ano, para que a sobrevivência fosse possível e em busca de um caminho com sentido, desenvolvi várias teorias, imaginei várias alternativas e trabalhos que eu gostava não me importava de ter (o gostar é uma coisa mais complicada porque não se sustenta ninguém só com gosto). Em todos eles teria muitas coisas a a aprender e capacidades a desenvolver. Mas de uma coisa tenho a certeza: preferia trabalhar num café por alguns anos, ganhar menos e cansar-me mais, do que fazer investigação. Não que eu tenha altas capacidades para tal. Não sou grande coisa com bandejas e não tenho memória para grandes pedidos. Mas o facto de ver pessoas, gostar disso, e ter a capacidade de ser simpática, ainda que com pessoas que não o mereçam muito, são bons pontos de partida. Conseguiria ser muito melhor a trabalhar e muito mais esforçada, feliz e dedicada do que a investigar e a escrever artigos com regras e linguagem feia, mesmo estando mais treinada para isto. 

Tenho pena de só perceber agora o quanto não sou a pessoa certa para um trabalho parado. Lamento ter deixado para trás a ideia de ser jornalista. Tenho a certeza que seria muito mais feliz e teria muito menos dramas a pairarem-me na mioleira. Mas estas decisões têm de ser todas numa altura em que o contacto com o mundo real é muito diferente. A decisão de seguir um caminho foi tomada quando eu me via a fazer qualquer trabalho. Qualquer! 

É duro pensar nisto. Mais duro é não ser capaz ainda de dizer se as escolhas são as mais acertadas. É duro o tempo não esperar, não deixar voltar atrás com mais sabedoria e experiência. É duro não haver muita oferta e não ser fácil experimentar uma coisa diferente da que estudei e ter margem para dar mau resultado. Mais difícil é não ter um plano alternativo suficientemente bom para ter a coragem de pôr os artigos e o nerd (mas muito prestável) do meu orientador a mexer para outro lugar. 

Da mesma forma que não posso andar para trás no tempo, também não posso andar para a frente e dar uma espreitadela no que me espera. Imagino-me a encontrar uma solução feliz. Ou pelo menos é tudo o que peço. E, para já, sem máquinas-do-tempo, vou aproveitar as férias que estão a ser maravilhosas.
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