Esta semana, como nas últimas primeiras de agosto, tenho um inquilino. Esta semana ele dorme na minha cama, tem quase o meu tamanho, mas cerca de um terço da minha idade. É a semana em que lhe tento mostrar um bocadinho do meu mundo onde há um milhão de coisas giras, interessantes e estimulantes.
Este meu inquilino não é igual a mim. Não como eu era em criança, nem como sou agora. Ele é calmo, está sempre em busca dos limites, mas muito sereno para a idade que tem. Tem um espaço próprio grande. Tem algumas atitudes da altura dele e outras menores do que a idade. É carinhoso, mas pouco curioso. Ou curioso apenas sobre assuntos que ele já domina.
Por ser uma criança com particularidades especiais para a sua idade, comecei, na semana passada, a pensar no que fazer ao longo destes dias.
Pensei em praia, em cozinha, em cinema, mas não chegava. Lembrei-me dos animais, mas já lá tínhamos ido. Reparei que no Parque Biológico de Gaia e na Quinta de Sto. Inácio havia atividades de verão. Excelentes ideias, mas com um ou outro problema: ou o preço ou o número mínimo de participantes. Ainda me restavam opções em Espinho. Fui procurar. Espinho não tem grandes opções para crianças. Além do Multimeios que está particularmente ativo. Filmes para crianças e para adultos! O Planetário está a ser reformulado e a exposição de Lego também é uma delícia para todos. Um espaço que está de parabéns, sem dúvida. Mas, voltando ao que estava a dizer, nada além do Multimeios. Entre os maus sites, a falta de informação e a ausência de atividades, por si, foi tudo o que encontrei. As infraestruturas online da câmara são medonhas. A biblioteca não tem atividades apelativas e a página do museu está decorada para a festa de Halloween e desatualizada como se essa festa fosse amanhã.
As ideias acabaram por ficar limitadas. Começamos pelas
ideias básicas. Depois deparei-me com a personalidade do meu inquilino: ele não
é um menino curioso. Faz poucas perguntas, não tem dúvidas essênciais e não se
entusiasma com lugares e atividades novas. Gosta muito das atividades dele. Do
mundo controlado dele. Tudo o que passa para além disso, custa a gostar, custa
a ficar e entranhar.
Isso deixa-me um bocadinho triste. Gostava mesmo de lhe
mostrar como o meu mundo é giro. Mas o dele é muito próprio e com a porta pouco
aberta. Nem a praia, nem um passeio de comboio o detêm da vontade de ficar em
casa hoje. Ainda assim, tenho conseguido algumas vitórias. Tenho aprendido
coisas de outros mundos, com o meu pouco curioso, mas muito doce, inquilino.
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