Agora também acho isto tudo, mas desde a extração do meu terceiro siso que não é a mesma calma. Tenho algum preconceito. Algum formigueiro. Depois do quarto siso, que me fez encolher de dores, que me fez sair daquela cadeira com contraturas e mais anti-corpos aquele lugar, pensei que não voltaria a ser tão mau e que, aliás, seria uma parvoíce ficar com receio do dentista.
Não tenho medo de lá ir, mas também não morro de amores, nem vou com a mesma calma. Tenho alguma resistência e fico ansiosa quando não sei exatamente que raio é que tantas mãos fazem a invadir a minha bolha.
Esta semana fui ao dentista. Ia tirar uma fotografias e algumas medidas para o aparelho. Só que não. A certa altura, com tantas ferramentas dentro da minha boca, percebi que já tinha braquetes colados aos meus dentes. Entretanto pediram-me para escolher a cor dos elásticos - manhosices dos dentistas para fingirem que são uns bonzinhos - e eu tive a certeza que não havia volta a dar.
Tenho 6 dentes com arames e cenas na boca, que me arranham e me dão o dobro do trabalho... nem quero imaginar 28 dentes assim!
Os dentistas são psicopatas disfarçados. Ora reparem: empatia pelos outros não têm - nesse caso não causavam dores ou entravam com seringas dentro de bocas alheias; por mais que alguém se manifeste descontente com eles, por mais que possam ser punidos (mordidos, nomeadamente) não aprendem isto como experiências negativas; descarregam a própria frustração em nós, pacientes, com a macabra atividade de arrancar dentes; e, pior, são capazes de culpar os doentes por eles próprios estarem a arrancar dentes, 'ah e tal, tu é que comeste doces'.
Como é que eu fui capaz de já gostar de dentistas e a considerar, até, esta coisa que já me invade a boca?
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