O que queres ser quando fores grande?


Acho que nunca soube responder a esta pergunta. Lembro-me de me terem passado milhões de profissões pela cabeça. Lembro-me de fantasiar com a ideia de viajar pelo mundo e ser hospedeira de bordo, de achar que a minha voz se enquadraria na rádio e que poderia ser uma excelente jornalista de redação. Houve a fase em que achei que o desporto era a minha praia e que acabaria de alguma forma ligada a ele, a dançar (LOL) ou a mostrar às outras crianças o quão é divertido e bom. Depois ainda me imaginei a gerir uma empresa, de fato e saltos altos, sempre impecável. 
No 9º ano, a fase do jornalismo, pensei no que fazer da minha vida a seguir. Não sabia se o jornalismo era passageiro e conjugando isto com a minha falta de aptidão para línguas estrangeiras estaria a cometer uma grande asneira em enfiar-me em letras. A única coisa de que eu tinha certa naquela altura é que, das disciplinas que experimentara , a matemática era a minha praia. Depois em minha casa quase toda a gente sabia mais matemática do que eu e isso não poderia ficar assim. A minha maior certeza, vinda da parvoíce da idade, era a escola para onde quereria ir no ano seguinte. Nesse ano não houve turma de economia e as ciências eram a área com matemática e aquela que prometia maior e melhor oferta.  

Fui pensando no assunto de forma leviana durante o secundário e achei que Engenharia Biomédica me permitiria usar a matemática para ajudar os outros. Uma visão ingénua e romântica que me levou à faculdade. Levou-me com 6 opções em cursos diferentes e com certeza que não entraria na que queria, mas que poderia pedir transferência no ano seguinte. Era engenharia que eu ia fazer a bem ou a mal e assim foi. Não foi como imaginei no início e acima de tudo não me conhecia da forma como me conheço agora. 

Eu continuo a não saber o que quero ser quando for grande. Ou pelo menos não sei como transformar o que aprendi ao longo destes 6 anos em algo que quero ser quando for grande. E o facto de ser grande daqui a 3 meses está a chatear-me um bocadinho mais do que o costume.

Se eu soubesse o que sei hoje, não teria ordenado as opções do meu concurso à faculdade da forma como o fiz. Acho que teria sido enfermagem o primeiro lugar. E na altura eu não tinha nada de enfermeira. Ou engenharia, mas nunca uma engenharia tão transversal. Ou então não me teria candidatato a nenhuma oferta da universidade pública. 

Hoje, que ando a ver o que as empresas me oferecem para ser quando for grande, penso nisto. E penso o quanto o sistema funciona mal, o quanto funciona ao contrário das necessidades e das verdadeiras aptidões de cada um. 

No dia em que souber o que quero ser quando for grande venho cá contar-vos.
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