Sobre o dia dos meus anos

Pára, meu coração! Não penses! Deixa o pensar na cabeça! Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus! Hoje já não faço anos. Duro. Somam-se-me dias. Serei velho quando o for. Mais nada. Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...


Aniversário, Fernando Pessoa


Não posso afirmar que não gosto do dia dos meus anos porque me mimam. É isso. Eu gosto do mimo que me dão nos anos. No entanto, seria tão feliz como anteriormente se esse dia não fosse festejado.

Há vários motivos para isso. Desde ser complicado juntar muitas pessoas diferentes (mesmo diferentes!), de lugares diferentes e mantê-las divertidas e confortáveis durante algumas horas, a não achar graça a envelhecer.

Não faço questão em receber presentes e não é um cliché. Se vierem, fazem-me muito feliz, entusiasmo-me e bato palminhas; se não vierem, apenas me mantenho normal. Fico mais feliz por se juntarem alguns amigos e adoro esse pretexto para dois dedos de conversa. Gosto que me felicitem no facebook para perguntar sobre novidades das vidas daqueles que não se cruzam comigo todos os dias. Gosto de surpresas e é muito fácil ser surpreendida.

Quanto ao passar dos anos, não há nada que me agrade. Reparo que a minha expressão já não é de miúda, que tem traços menos redondos, que engordo com maior facilidade e que o exercício faz-me falta para manter alguma tonificação. Não gosto de envelhecer e, pelo menos neste momento, tenho alguma dificuldade em lidar com isso. E não venham para aqui dizer que não me posso queixar agora, que sou muito nova e blablablabla. Nada disso, há diferenças e eu não gosto nadinha delas.

Então, meus amigos, eu agradeço o mimo, o amor, amizade, os presentes, a conversa. A meia-noite foi muito especial! Agradeço a presença e é muito bom guardar no coração as memórias boas, os sorrisos, as conversas sem fim. ´

Eu guardo com nostalgia os tempos em que tinha menos de 20 anos. Não por serem melhore do que estes, não eram de todo. Mas por ser mais fácil, passar mais lentamente, dominar facilmente tudo o que me poderia preocupar. A minha nostalgia tem a mesma dor do Pessoa. Os restantes são mais uns e parei, então, de aumentar os anos, desde há 5.
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