As dúvidas antes da decisão

Emigrar, morar com o namorado e aprender coisas novas são ótimas perspetivas para um ano de 2016 em grande. Mas e o resto? O resto não são tudo rosas.

Pensei muito antes de me decidir atirar de cabeça. Depois da decisão ainda me questionei acerca de um milhar de situações. Não acho que vá ser fácil, mas também acho que tenho tudo muito bem esclarecido na minha cabeça.

Ficam as dúvidas:

1. Ir sem trabalho e a questão do dinheiro - foi a minha maior entrave. A primeira questão que pus a mim própria antes da decisão foi exatamente esta. Fazia todo o sentido ir porque me obrigaria a sair da minha zona de conforto, me obrigaria a tentar trabalhar na área em que estudei e porque, acima de tudo, o homem que iria comigo tinha uma daquelas oportunidades em mãos que só surgem uma vez e da qual dependia da minha ida. Custou muito ultrapassar a barreira psicológica do eu não quero que me sustentem. Custou um bocadinho pensar que as minhas poucas fontes de rendimento cá dependem da língua e que iria para lá apenas com as poupanças que fui fazendo.

2. Morar junto e sair da casa dos papás. Ui! Tantas mudanças, nada de cama feita, mesa posta e roupa lavada. Nada de não pensar em horários porque haveria sempre o que comer no frigorífico. Mais, uma pessoa nova todos os dias ali ao lado, cada qual com as suas manias e desarrumações, cada qual com uma perceção diferente do mundo. Tratar da roupa, arrumar a casa e cozinhar toooodos os dias, manter duas pessoas saudáveis e num ambiente agradável e manter uma boa imagem para não destruir o ego e estar sempre impecável para manter o emprego. O truque aqui é: se há quem consiga, nós também!

3. A língua - o meu rico alemão. Eu, pessoa sem grande tendência para aprender línguas facilmente, embarcaria nesta aventura de me mudar para um país onde não domino a língua. Não é tão fácil comunicar, partilhar sentimentos e encontrar pessoas semelhantes com uma língua diferente. Ao contrário de erasmus, onde fiquei apenas uns meses, a ideia é demorar-me anos lá. Demorar a fazer amigos, demorar a perceber o que é o quê no supermercado e a perceber o que diz em cada canto por onde passamos. O lado bom é que sempre gostei de jogos de mímica e à parte de dificultar a procura de emprego, tem tudo para ser divertido.

4. Um apartamento. Eu sinto-me claustrofóbica em apartamentos. Não gosto de ter de descalçar os saltos por causa do vizinho de baixo e não faz sentido controlar o volume da minha voz. Além disto, e por muito parvo que seja, faz-me uma extrema confusão comprar um apartamento. Quando se compra um apartamento, compra-se um pedaço de um prédio, nem sequer é um pedaço de chão, é limitado até em altura. Quanto a alugar um apartamento, que é a única viabilidade, é um tem de ser. Sara Maria, manda lá a claustrofobia para um quanto!

5. Responsabilidade e orgulho. Sair de casa dos pais é um passo que se toma com o objetivo de nunca lá voltar a morar, de deixar de contar com os papás para pagarem caprichos e necessidades. Para isto acontecer, é necessário um grande sentido de responsabilidade e algum orgulho para não voltar em 5 dias de rabinho entre as pernas. As coisas vão correr mal em certo ponto e momento e isso simplesmente faz parte. Manter o orgulho a nivelar a responsabilidade é talvez dos pontos mais importantes a manter em mente.

Resumidamente, depois de ter em mente todas estas entraves e dúvidas é necessária uma certa dose de loucura. É preciso uma mente aberta, poucos preconceitos, poucas expectativas, nenhuns "eu nunca". As duas expressões que mais me disseram nas despedidas, "só se vive uma vez" e "sejam felizes", são o ponto de viragem para que as dúvidas sejam um nada.
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