Vim para Innsbruck aprender mais sobre os Correios

Sempre gostei de cartas. Daquelas que chegam pelo correio. Sempre achei especial a ideia de receber uma carta que viajou de outro país, entre várias mãos e transportes até à minha caixa de correio, até às minhas mãos. Tive mesmo, durante alguns anos, uma amiga que morava noutro país e com quem trocava cartas, as quais guardo carinhosamente. Hoje, falamos de vez em quando por facebook porque é mais fácil, porque hoje as cartas já não se usam. Os correios continuam vivos e com um papel muito importante, mas (quase) só para assuntos oficiais. Hoje, são, acima de tudo, um vínculo para encomendas e entregas, já não são uma forma de trocar novidades, sentimentos e ideias.

Os meus primeiros 10 anos de vida foram maioritariamente passados numa casa onde havia duas pessoas que distribuíam (e distribuem) correio e, mesmo assim, nunca me tinha questionado ou procurado a origem deste meio de comunicação. Até que no outro dia, quando fui visitar o castelo (schloss em alemão) de Innsbruck, numa das salas, vi o símbolo da buzina dos correios e estranhei... até que percebi que se tratatava mesmo do símbolo dos correios. Naquela sala estava contada um bocadinho da história destes serviço e como se difundiu com força e por quase toda a Europa a partir do século XV ou XVI, a mesma altura em que a máquina impressora se difundiu. A família Thurn und Taxis, ou Tassis em italiano (sem certeza desta informação), era, na altura, proprietária do serviço postal mais eficiente em Itália e um dos seus fundadores foi nomeado chefe dos serviços postais de Innsbruck, para o Imperador Romano Maximiliano I e, posteriormente, outro para o espanhol, Filipe I. Continuando a crescer desmedidamente e criando na Europa uma rede de comunicação postal pública que se tornou uma necessidade. Mais tarde, entre conflitos e guerras, o monopólio postal deixou de pertencer a esta família e os serviços postais foram gradualmente nacionalizados.

Símbolos de alguns dos serviços postais europeus que têm a buzina presente. A buzina servia para abrir caminho, para que o serviço fosse mais rápido, tal como utilizamos, atualmente, os sinais de emergência.


Não há informação de que as rotas de correio criadas pelos Thurn und Taxis tenham chegado a Portugal. Mas, na mesma altura em que estes se difundiram pela Europa, D. Manuel I criou em Portugal um serviço postal público para acelerar os assuntos políticos, militares e comerciais. Entretanto, este serviço foi privatizado e cresceu muito, ao ponto de não ser capaz de dar resposta a todas as solicitações. Foi apenas no século XIX que se criou a organização que evoluiu até à atual, com distritos postais, ruas e números de porta.

Haveria muito mais a dizer, mas a ideia aqui não é contar-vos toda a história do correio postal, mas apenas mostrar que algo tão comum e natural, que contribui para um mundo em forma de aldeia global, já foi rigorosamente nada.

É bom viajar e conhecer os museus que temos à porta de casa e melhor ainda quando mudamos de casa para lugares distantes. Isso também é um ótimo pretexto para escrever cartas e postais, ou blogs. Em poucas semanas terei alguns postais para enviar!


Fontes e mais informações no Público, no website da família e Wikipedia (valendo o que vale).
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