Do dia a dia

Por aqui neva, muito! Eu, por enquanto, dou-me ao luxo de poder ficar em casa a ver a neve cair pelas janelas grandes da sala. E é tão bom ver neve! Logo eu que gosto muito do tempo frio. Não, não fico sentadinha no sofá e enroladinha numa manta horas a fio enquanto olho pela janela. Não, também não é espetacular passar o dia em casa, mas há tanto para fazer aqui!

Além de tudo, enquanto estou em casa, há sempre qualquer coisa para arrumar, limpar, passar a ferro ou coser que-esta-semana-a-roupa-decidiu-toda-ter-qualquer-coisa-estragada-a-precisar-de-um-pontinho. Uma maravilha, isto! Felizmente, não sou nenhuma fanática da arrumação e consigo deixar a limpeza toda para o fim de semana e não arrumar tudo sozinha. Caso contrário, por esta altura, estaria a dar em maluquinha por fazer sempre a mesma coisa.


Perguntam vocês o que faço então o dia todo? Na realidade, falta-me tempo para tudo o que tenho e quero fazer. É sempre assim comigo. Entre ler um bocadinho e ver um episódio de uma série, deixar a casa numa ordem mínima, enviar currículos e cartas de apresentação personalizadas, encontrar novas empresas, estudar línguas e ir às compras (sim, sem carro é preciso ir muitaaas vezes às compras, ora pelas cebolas, ora pelo leite ou pelo azeite). Agora que tenho uma entrevista de emprego a chegar, tenho ainda que estudar para estar o mais preparada possível. O trabalho tem requisitos que eu não cumpro, mas é também exatamente o que eu gostava de fazer e queria muito conseguir ficar com este trabalho que ainda, muito provavelmente, incluiria algumas visitas a Portugal.

Bem, o meu dia a dia parece bem simples. Não é complicado, é certo. Mas é sempre no limite entre o que tem de ser feito e o tramado que é não ter uma agenda programada ao minuto como estou habituada. As coisas que tenho para fazer cá não são programáveis dessa forma. Não tenho sempre alguém dependente de mim. Esse é o meu motor habitual, a responsabilidade que os outros depositam em mim. Aqui os motores têm de ser outros. Nunca fui boa a gerir o meu tempo sem pressão e acho que até aí esta experiência que só vai com 2 semanas e meia me está a ajudar. Tenho tarefas mas não tenho horários. Sempre tive tarefas e horários limite. Sempre fiz os trabalhos de casa quando já devia estar na cama, sempre estudei para os testes na véspera. Sempre fiz tudo à última da hora e só aprendi a estudar a sério no meu terceiro ano da faculdade, quando ou fazia oito disciplinas, ou o ano seguinte não seria ano de mestrado. Só a responsabilidade funcionava sobre mim. Uma das razões para estar sempre a fazer um monte de coisas ao mesmo tempo é porque me organizo melhor e procrastino menos quando só tenho aquele espaço de tempo disponível para uma determinada tarefa. Aqui não. Aqui tenho de resistir à preguiça, resistir a passar o dia todo de pijama e dar corda as sapatilhas, mesmo sem um teste amanhã, mesmo sem isto ou aquilo marcado para daqui a uma hora. 

O meu dia a dia é este. Quando me canso de estar em casa, pego no meu computador e vou de bicicleta até ao Mc Donalds onde tenho internet. Os senhores do Mc Donalds já me conhecem e, ao contrário de Portugal, estranham que alguém esteja lá três horas seguidas. É giro reconhecer as diferenças culturas e é incrível escrever um texto enquanto neva lá fora.  
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