É uma questão de relativizar

Lembro-me de quando ainda não tinha entrado num avião vez alguma e quando o meu conhecimento do estrangeiro se limitava a umas voltinhas em terras espanholas. Em contrapartida, em 2016, vamos em abril e já conto 3 voos (que aumentarão para 5 num nadinha) 4 países pisados e os planos para os próximos meses são imensos.

Com tamanha movimentação já é tão normal eu ir até ali apanhar o elétrico para o centro, como um autocarro que fará 750km ou mesmo ir até Munique apanhar um avião. O à vontade já me fez temer perder um avião, à hora de fecho das portas de embarque estava eu a entrar no aeroporto. As malas dificilmente levam mais de 15 minutos a serem feitas e o check-in quase me foge da memória.

Desta forma, juntando aos meus dramas linguísticos, em que até o português me falha com frequência, todos os dias tenho dúvidas de onde sou afinal e sinto todos os dias mais que esta Europa é um espaço tão pequeno que não há o que temer e que o overthinking (pensar demasiado num tema e em pormenores sobre ele que não interessam nem ao menino Jesus) apenas nos faz perder oportunidades e anos de vida.

Eu sei que este ponto de vista é muito relativo. Quem nunca saiu do nosso belo país à beira-mar plantado, ou doutro cantinho qualquer, vê o planeta Terra da dimensão do universo. Quando não conhecemos o que há fora da nossa zona de conforto, imaginamos sempre que o monstro do Loch Ness poderá estar em cada esquina e que toda e qualquer esquina é escura e feia. Lembro-me de ser pequena e da minha mãe, à noite, não ir, nem nos deixar ir ao café que fica a 50 metros de casa, porque era muuuuuiiitooo perigoso. Nessa altura eu acreditava piamente nisso e imagina que se tentasse fazer aquele percurso, não veria o caminho e morreria só de medo. Até que um dia fui, sem questões ou dúvidas, e percebi que toda a imagem que me criaram era errada, ainda que a minha mãe acreditasse no que nos contava.

E esta perspetiva faz sentido em todo e qualquer contexto novo. A novidade que inclui um qualquer risco inclui sempre e invariavelmente algum nervosismo e/ou ansiedade. Até ao dia em que deixa de ser novidade, os monstros e fantasmas desaparecerem, exatamente o que acontece com aqueles que moram debaixo da cama, quando se acende a luz.

É bom que a distância do lugar onde as montanhas me cercam, ao lugar onde o mar está sempre no horizonte, seja tão pequena. É bom quando nos apercebemos que aqui nas montanhas há vários lagos, mas nenhum monstro.
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