Já não tenho 18 anos, agora durmo no aeroporto

(Possíveis erros presentes neste texto serão corrigidos quando chegar a casa.) 

Estou no aeroporto de Munique deitada na mochila e com os pés na mala que será despachada no porão. Os senhores à minha volta parecem chocados por estar aqui deitada de mini-saia, ainda que use meias pretas totalmente opacas. E, no entanto, ninguém se escandaliza com mulheres de leggings na rua. 

É a primeira vez que durmo num aeroporto e fiquei surpreendida quando o constatei. Já dormi em tantos sítios estranhos (incluindo no chão dos Aliados) e nunca num aeroporto? Na verdade, a última vez que pensei em dormir num aeroporto tinha 18 anos e não me preocupei em perceber se a ideia era viável. O que não teve importancia nenhuma: guardo grandes memória e agridoces, mas grandes, dessa noite. 

Eramos três, um tinha feito direta porque o voo era de madrugada e quando terminou as malas, a meio da noite, percebeu que lhe faltava uma solução para impressão dos bilhetes. Era dezembro e terminamos a visita àquela cidade às 3h, quando encontramos neve e desatamos a brincar com ela. Já disse que era dezembro e estava muito frio? 

Faltavam 3 horas para o próximo transporte para o aeroporto. Posso dizer-vos que foram as piores 3'horas da minha vida. Chegamos mesmo a adotar a caixa de um frigorífico que um sem abrigo abandonara. Depois das piores três horas da minha vida, tive a hora e meia mais quente e reconfortante da mesma. Num autocarro, onde adormecemos mais profundamente que bebes. 24horas depois de sairmos do Porto estavamos de regresso, apanhamos o metro e o comboio até casa. Dormimos felizes e exaustos com a aventura. 

Hoje todos afirmamos cegamente que não nos metemos noutra assim. Nunca mais fazemos 30 km a pé sem um teto, pelo menos, à nossa espera. Mas também nunca mais teremos 18 anos outra vez.
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