Sobre serviços

Na sexta precisei de ir a alguns serviços. Encontrei muito do bom e do mau, com pessoas iguais às de qualquer outra parte do mundo, mas com variações bastante interessantes e características. Para mim, isto é o que tem mais graça quando nos atiramos de cabeça, inconsequentemente, porque esta vida são dois dias. Para mim, a maior riqueza de viajar e de uma aventura destas é reconhecer naquilo em que somos tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo.

1. A santa eficiência mora na Câmara Municipal
Havia um assunto fácil e um mais complexo a tratar lá. Chegamos lá às 8h05 e esperávamos sair de lá perto das 9h... mas saímos às 8h15. A senhora era simpática e desenrascada. Solucionou os problemas todos e lá fomos nós tratar de outras vidas 10 minutos depois. Surpreendidos, desatamos a imaginar como teria sido na Câmara lá do sítio (perdoem-me o exagero, mas é isso mesmo, exagero):
Funcionária: Deixe-me cá perguntar ao colega. Ó Helder, sabes onde é que posso saber deste assunto?
Helder: Por acaso estava a ouvir. Talvez lá em cima. Liga ou vai lá... talvez seja melhor ires.
F: Ai, tenho de resolver isto e isto! Podes ir lá?
H: Eu ligo... Ah, não atendem. Vou ligar para o telemóvel. Ah, olá Jacinto! Tudo bem? Como vai a família? No fim de semana tens de ir lá a casa. Pois, pois. Olha, liguei-te por outra assunto... tal e tal e tal. Ah, pronto, ótimo! Muito bem, adeuzinho, adeuzinho. Ele vem já falar convosco.
Jacinto: Então digam lá. 
(...)
J: Ah, isso não sei. Voltem cá ao meio-dia, pode ser?

2. Gosto de pessoas diretas e racionais, sem lamechices, condescendências ou inflexibilidade
Se preferem o alemão dizem. O que nem sempre é lá muito confortável para mim porque eu até me apresento bem e explico porque é que cá estou, mas desenvolver assuntos e formar frases complexas é duro. Faltam-me as palavras, o vocabulário é tramado quando tento aprender línguas. Na sexta, depois de me pedirem para falar alemão, comecei a explicar tudo, a senhora até elogiou. Mas duas frases depois, quando não me lembrava do verbo tentar e não me ocorria outra forma de o explicar, troquei para inglês. Da mesma forma que pedem o alemão, compreendem o esforço e passam a responder em inglês.
Mais, como o assunto que queria não podia ser resolvido ali e entretanto percebi que aquilo era o Centro de Emprego ali do sítio, perguntei-lhe se me podiam ajudar a encontrar um trabalho. A senhora respondeu imediatamente, sem perder a simpatia, que não têm trabalho para pessoas qualificadas e que em Innsbruck é muito complicado encontrar um trabalho, tendo um mestrado e em áreas como a minha. Porquê? Porque é uma cidade central e essencialmente rica em serviços. É isto, não andam com rodeios a oferecer salários miseráveis ou a dar falsas esperanças. As coisas são como são e ponto final, tudo simples.

3. Quando o assunto foge muito das regras, ninguém sabe e reencaminham, reencaminham
Não digo que aqui é que é porque não é assim. Em todos os lugares há coisas que funcionam mal, só em aspetos diferentes. A primeira vez que fomos à Câmara foi a prova que os serviços podem ser maus em qualquer lugar, onde fomos atendidos com antipatia e parvoíce.
Aqui, o desenrasque é uma coisa que às vezes lhe falha. Quando procuro quem me dê respostas a um assunto onde não há uma pessoa que o domine ou que tenha competências para tal, porque esta malta é muito regrada e não anda cá a arranjar soluções intermédias, ando eu de porta em porta. Em cada novo local, mais uma nova morada para tentar. Alguns desses locais fechados, ainda que estivesse dentro do horário de expediente. Conclusão, tudo o que eu tentei resolver na sexta ficou, como se diz em bom português, em águas de bacalhau.
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