[...]

Sexta feira treze. Dois mil e dezasseis. Sou assaltada por umas saudades loucas do primeiro ano de faculdade. Uma nostalgia misturada com a certeza que entrar na faculdade com outra certeza, a de trocar de curso, foi dos tiros mais certeiros que dei. Ter a certeza que o amor é também isto: recordar momentos que nunca mais se repetirão, porque já não somos recém-conhecidos, porque já não temos dezoito anos e porque já não temos o mesmo gosto por uma liberdade nova e de gente crescida. É dois mil e dezasseis e já não comemos pizza cortada com cartões de multibanco. Agora vamos a entrevistas de emprego e crescemos em empresas grandes que nos roubaram o conforto da casa dos pais, que nos roubaram a liberdade que alcançamos quando tínhamos dezoito anos e comíamos pizza na faculdade ao som de uma guitarra e de uma voz a cantar "a mulher gorda". É sexta feira treze e eu quero e acredito, enquanto tremo as mãos, que vai ser de sorte. Porque sinto que estou prestes a entrar em palco para estrear uma peça, para abri-la de avental e cabelo apanhado enquanto canto "ó-trai-la-ré". Não estou a entrar em palco e desde a tese que sou menos confiante, menos firme nos passos que dou e as mãos tremem-me por antecipação. A minha sorte são as saudades e as certezas do amor que depois de entrar em palco fazem-me sorrir, endireitar as costas e deixar o meu corpo responder ao sub-consciente que ainda tem dezoito anos, alcançou agora uma liberdade nova que quer correr o mundo.
Próximo post:
« Próximo post
Post anterior:
Post anterior »
0 Comentários fofinhos