Não sei qual era a santa padroeira. Na realidade, não percebo nada de santos. Mas mesmo ela, a santa, ainda que com cores reluzentes, pratas e dourados, metia dó. Tinha um ar pesado e costas curvadas. Aquela santa não me enchia de esperança.
Aquela igreja nem cheirava a igreja. Cheirava a santuário misturado com produtos de limpeza baratos. Quase não tinha flores e, mesmo as que tinha, pareciam ser artificiais.
Naquela igreja só o altar apetecia olhar e tocar. A toalha era de um branco intocável, passada delicadamente a ferro. O sacristão acendera velas e era para elas que os 6 fiéis que lá rezavam, às 16h de uma quarta feira de julho, olhAvam. Comi senão quisessem ver o resto. Como se precisassem tanto de uma luz no caminho que nem reparassem nos cogumelos wue nasciam nas paredes.
Um dos fiéis não rezava, só via quem entrava e saía, num repetir rodar de cabeça entre o altar e a porta de entrada. Outro rezava muito alto como se estivesse a mostrar que sabia rezar, ou então para que as suas preces fossem claramente ouvidas, sem subentendimentos. E ainda havia o fiel que tinha a porta como tarefa, fechando-a bem caso entrasse alguém. Devia querer que o calor não entrasse, talvez imaginasse que os fiéis que lá estavam passariam a pensar em sair, fossem atraídos pelo bom tempo e não terminassem os pedidos e agradecimentos que faziam à santa reluzente mas triste.
Entrei numa igreja sem alma e também não encontrei a alma de nenhum dos seus fiéis. Talvez ela não exista, talvez seja isso que fazemos em igrejas: procuramos almas. Procuramos formas de as compreendermos, numa tentativa incessante de não perdermos o resta da nossa. Mas será que a nossa alma não precisa de encontrar igrejas com a sua própris alma? Uma alma cuidada, protegida, um bem com um valor incalculável? Eu acho que sim. Precisamos de almas que nos inspireM, que nos morivem a alimentarmos sempre mais estas nossas almas incompreendidas.
*possíves erros serão corrigidos quando tiver um computador.
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