Uma paixão por uma mochila


Há coisas simples às quais damos valor. Todos temos disso, pequenos objetos que para uns são só mais um, como tantos outros, mas que, para outros, conseguem mesmo ter personalidade. São coisas que nos trazem memórias e que nos fazem querer preservá-las para sempre. A minha mochila é uma dessas coisas. 
A nossa relação tem quase 10 anos e quer passem semanas, quer passem 2 dias com ela, vai sempre cheia. Consegue levar tudo lá dentro e quando eu digo tudo, é mesmo tudo. 
Já caminhei 10 dias com ela, já andou de avião, de comboio, de metro, de elétrico, de autocarro e de barco. Já subimos montanhas, corremos cidades de uma ponta à outra, já nos perdemos e encontramos. Tem marcas de guerra e precisará de intervenções cirúrgicas quando voltarmos a Portugal. 
Não, não é a mochila mais top de todas, não tem montes bolsos e aberturas xpto nem está preparada para garrafas de água e colchonetes. Mas é a minha e eu consigo igualmente levar todas essas coisas. 
Se a nossa relação já era fofinha, desde que cá estou a coisa tem melhorado. Ela gosta de sair à rua e ver coisas novas e quase semana sim, semana não, tem ido passear. Chegamos a quinta ou sexta-feira e oupa! Sai cá para fora e enche-se com as minhas tralhas. E lá vamos nós, sem o traulitar das trolleys na calçada, coisa que me stressa quando ouvida durante muito tempo, sem ter de a levantar do chão nas escadas imensas das estações de metro. É uma alegria! 
E assim estão as apresentações feitas. A minha pequena carapaça gosta de passeio, como a dona, por muito pequenino que seja. E estou tão pró com malas que já as faço em 10 minutos sem me esquecer de nada (pelo menos na ida). Era quinta-feira e, adivinhem lá, estávamos de partida! :D

Escrito por mim em Maio, durante ERASMUS

No domingo fiz a mochila, com a mesma prática que durante o tempo em que estive fora, talvez melhor. Há uma perícia que se desenvolve, permite que o fundamental vá sempre mesmo quando preparada em 10 minutos. 
Mochila feita velozmente, um comboio para Paredes e três dias junto ao mar. Não estava muito entusiasmada. Não sei bem o porquê. Talvez porque me habituei ao meu canto recatado, sozinha, com as minhas séries e com pessoas quando eu decidia. Ou então por querer tanto que os dias passem e que esta ansiedade se vá. O certo é que a vontade era ficar. Mas fui. E gostei.
Quando entrei no comboio pus a mochila em posição estratégica de segurança, ao meu lado e com a carteira entre mim e ela. Saquei um livro e o comboio passava junto ao mar, já com o sol baixo no horizonte. Um belo fim de tarde de verão e um sorriso. Sentia o bichinho que me faz gostar tanto de andar sozinha, mais ainda de mochila às costas. Não que não goste de companhia, mas a mística é diferente. O sorriso e uma sensação de satisfação permaneciam, era como se estivesse a matar saudades, quando desde a última vez só passaram 3 meses. 
E já voltei. Já estou um bocadinho mais morena, mas a ansiedade não me passou. Não sei como a remediar. Talvez a francesinha que aí vem, os restantes dias de praia e o cinema façam passar o tempo bem rápido.
Eram muitos lugares onde ir de mochila às costas e dia 9, por favor!  


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