Vai trabalhar malandro!

Falemos de trabalho. Afinal trabalhamos por e para quê? Como alguém disse um dia (num TEDx) não temos obrigação de fazer nada. No nosso corpo mandamos nós mesmos e se não temos vontade de levantar de manhã, se não nos apetece arrumar a cozinha ou fazer o jantar a horas certas, porquê que o fazemos?

São coisas que dão que pensar. Dá que pensar no porquê da educação que temos não permitir sequer que ponhamos como hipótese não assumir responsabilidades e cumprir obrigações. Ainda que não para tudo e para toda a gente. Exceções à parte, somos formatados desde pequenos com as ações de quem nos rodeia, para um mundo em que nada se faz sozinho e onde o trabalho é base de tudo o que se alcança.

Num mundo perfeito, todos teríamos como objetivo ter um trabalho que nos sustentasse todos os gastos, desde cedo. O que não acontece. Conheço (e bem) pessoas capazes de trabalhar apenas o tempo necessário ao direito do subsídio de desemprego, e dar-se ao luxo de esperar que esse tempo termine para voltar a procurar outro trabalho. Isto não é sustentável. Não o é para uma família nem para um país. E significa que a educação, que supostamente temos, está a falhar. Redondamente. Não generalizando, obviamente, mas esta preguiça inerente está mais agarrada à minha geração e às seguintes. Sempre houve quem não quisesse trabalhar. Mas agora há quem tenha bons exemplos à volta e goste de não os seguir. Prefira assim e não é punido. Há quem não sinta na pele, nem se importam da severidade disso para o país de que onde vivem.

Ouvimos todos os dias queixas acerca dos jovens. Acerca da nossa geração. Que sai tarde e a más horas do ninho quente dos papás. Que não tem trabalho. Que não o quer ter. Isto apoquenta-me. Deixa-me os neurónios inquietos e os nervos em franja. Desde a questão do não querer trabalhar porque os pais sempre viveram do estado, à questão de não trabalhar porque sim, porque os pais sustentarão até sempre. 

A educação da mente para que o corpo não fale mais alto está a falhar. Está a precisar que mudem as regras para que esta sociedade e este país continuem a ser minimamente sustentáveis. Há que educar as crianças, incentivar os trabalhos de verão e não dar nada (além da educação) de mão beijada. 

Gostava tanto de ter tido mais trabalhos de verão. Gostei tanto das semanas que trabalhei em part-time no verão e o quanto aqueles trocos pareceram fortuna! Gostei tanto de saber que aqueles euros tinham sido ganhos enquanto no trabalho de alguém, soube bem ainda melhor porque me divertir nessas horas. Ainda que não reconheça aí toda a minha consciência monetária, acho que estes trabalhos deviam ser quase obrigatórios, menos sub-valorizados e mais estimulados. 

A melhor forma de aprender é no campo de batalha. E qual será o melhor local para mostrar o quanto o dinheiro custa, o quanto vale e o quanto a responsabilidade implica, do que no lugar onde se trabalha? Não seríamos uma sociedade melhor com mais adolescentes com experiência de trabalho? Não seríamos melhores consumidores, melhor educados e mais conscientes?
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