Politiquices

Ontem discutíamos o estado político-social do país. Conversas de café mas com fundamento, com exemplos, não só um mandar para o ar porque sim. 

Falávamos da evolução económica nos próximos 20 anos. Da evolução social, das más medidas, das medidas comedidas, daquelas que se tomam sentados no sofá, das que não arriscam muito; falávamos da dificuldade dos "bons" vencerem e terem paciência para permanecerem e de terem capacidade de ação.

Eu acho que a minha geração vai ser ainda pior governante porque conheço a malta que está a trepar. Acho que o loop crise-bonança-crise vai ter cada vez mais períodos longos de crise do que de bonança. Acho que a economia não tem alimento para crescer e que nos tapam demasiado bem os olhos para sermos capazes de nos manifestarmos. Estamos assim numa espécie de PREC quanto ao controlo da informação, de forma mais inteligente, mais mascarada. Enquanto por um lado a informação transmitida é controlada, por outro o jornalismo medíocre ganha força.

E depois vi alteração da lei do aborto ser a última a ser votada numa sessão extremamente longa. De forma unilateral. O problema não é a alteração da lei em si. É o facto de parecer que pretendem que o processo da interrupção da gravidez seja mais demorado, a gestação passe o tempo permitido para interrupção e os custos associados reduzam. Depois ainda há notícias que falam em avaliação social, além de psicológica, mas sem grandes clarificações. E os médicos vão deixar de ter o direito à objeção de consciência. Mas nem toda a informação passa nas notícias. Nem toda a informação é clara e profunda o suficiente. 

Eu não acho que esteja tudo mal. Mas acho que vivemos num efeito bola de neve nas questões político-sociais. A impotência, a falta de boas ideias, a forma como o sistema funciona revolta um bocadinho. Dá vontade de virar as costas. No fundo o que todos fazemos ao vivermos vidinhas pacatas.

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