O princípio do sonho

Há histórias assim. Há quem cresça com uma necessidade grande de independência, misturada e confundida com liberdade. Há quem sonhe que um dia vai ser livre e sobrevoar o mundo de pés no chão.

A primeira vez que andei de avião não foi em pequenina, as pessoas à minha volta não viajavam muito e sempre ouvi falar de emigração como algo mau, como uma saída dura e resultante de uma vida madrasta. Por outro lado, tenho pais que não gostam de praia e nas férias em que saímos para longe era sempre para conhecer um lugar diferente em Portugal. 

A ideia de sobrevoar o mundo não vem de pequenina, mas a sensação de ir, ser nómada por uns dias, saltitar de lugar em lugar e quase sempre para ver lugares novos, acho que vem. Depois, lembro-me da minha irmã ter uma viagem caom a escola a Paris e de a ver passar um mês em Londres. As experiências que ela trazia eram boas e nada obscuras. As companhias low cost tinham dado um salto e cada vez mais se falava em viagens, em ir ali e acolá. Ou pelo menos é o que a minha memória me diz. Nessa altura, os meus pais decidiram que íamos viajar de avião, conhecer um lugar novo, mas desta vez mais longe. Fomos a Roma. Lembro-me bem da sensação de aterrar, da sensação estranha de um pouquinho antes estar em Lisboa e de um nadinha a seguir estar em Itália. Eu estava em Itália e até àquele momento nunca tinha pensado seriamente naquilo. O que é certo é que desde o ano em que fui a Roma, há 10 anos, só em 2 deles não viajei de avião para lugares novos.

Quando comecei a ter um gosto crescente com as viagens, comecei a perceber o que era o afamado programa ERASMUS. Comecei a achar que era algo que gostava de fazer, mas era também algo muito distante. Foi distante até ao dia em que recebi no e-mail a abertura das candidaturas para participar num desses programas. Não pensei muito mais do que em qual das cidades me conseguiria sustentar com a bolsa. Submeti a candidatura e só depois informei em casa. Afinal de contas, não era definitiva. As colocações saíram e lá fui. Gostei muito de o ter feito sozinha, sem outros colegas que conhecia. Teve vantagens e desvantagens, claramente, mas a sensação de liberdade para ir, fazer e decidi o que bem me apetecesse foi absolutamente extraordinária. Conheci muitos lugares novos e gastei muito pouco dinheiro. 

O problema dos vícios, como este o é, é que crescem sempre. E nesta altura, em ERASMUS, por não ter conseguido viajar na Alemanha, decidi que queria muito trabalhar lá. Os vícios também se pegam e acho que o meu entusiasmo passou a não ser só meu. A verdade é que embora isto não seja a Alemanha, não vim sozinha e antes de abril estarão duas cidades alemãs visitadas. Só falta mesmo a parte do emprego, que não está no mau caminho. Começam a aparecer respostas positivas que estão longe de serem definitivas, mas são pequenos passos para a concretização do objetivo. 

O vício não fica por aqui. Já há mais objetivos e objetivos para depois dos objetivos. Sobre esses falo noutro dia.
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1 Comentários fofinhos
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:) sim, esses vícios pegam-se. Cá em casa também consegui! Acho que o Duarte vai ter muito mais sorte nessa área, espero é conseguir fazê-lo valorizar. :) e agora que falas nisto eu acho que desde Londres não passei um ano sem entrar num avião! E já tenho planos para este é para o o próximo!! :p

Vera

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