As contas

Cresci com um pai que acreditava que estava sempre tudo em ordem e uma mãe que nos incutia que o dinheiro nunca chegava. Acho que nunca soube bem a realidade, mas isso fez-me criar a minha própria noção de valor do dinheiro: ele serve para realizarmos os sonhos que temos, não serve nem para mais nem para menos. E dos sonhos dos outros eu não sei, mas dos meus sei que descubro uma definição de infinito todo os dias. E assim, se por um lado me faz gastá-lo, por outro também me faz querer poupá-lo. Como é que isso se consegue? Bem, por aqui é o seguinte:

1. Anota-se tudo o que se gasta. 99% das coisas pelo menos. É capaz de falhar um café ou um lanche, mas há um excel no google.drive, partilhado, onde nos esforçamos para que o que entra e o que sai esteja sempre anotado.

2. Investe-se. Em saúde, em estudos, em diversão e em tudo o que nos prolonga a vida. Há um comportamento que parece, ou pelo menos a mim, muito português. Trabalhamos e poupamos sempre para não sei o quê. Às vezes esquecemo-nos de viver, de desfrutar do dinheiro que ganhamos. Depois, quando o decidimos usar já somos velhos, já não temos energia, ou então foi a saúde que se perdeu por entre o foco. E isso está longe dos meus sonhos, muito longe mesmo.

3. Fazem-se gráficos. Os números por si só não significam nada. Aliás, há sempre boas razões para gastar dinheiro. Aquilo que compramos acaba por ser consumido e utilizado. Mas será que não podemos esperar mais um pouco para comprar mais roupa, uma comida mais cara ou outra coisa qualquer? Às vezes podemos. Os gráficos permitem que compreendamos, por exemplo, em que mês é que se gastou mais nisto ou naquilo. Permite saber qual a fatia do dinheiro que entrou foi poupada, quando houve prejuízo e perceber se poderia ter sido diferente.

Isto são práticas que desenvolvi ao longo dos últimos anos e que têm sido melhoradas. Raramente os orçamentos para viagens, compras ou outra coisa qualquer me falham. É do treino. Quando viemos para cá fiz uma pesquisa, calculei quanto precisaríamos de ganhar para tornar esta aventura possível e pouco sofredora. Acertei em cheio. E agora não são só as minhas contas, são as nossas e as da casa. Sinto-me mais responsável e exito muito mais antes de comprar o que não é estritamente necessário. Mas compro quando faz sentido. Porque investir em sonhos é investir em felicidade.
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