Mudamo-nos!

Este blog tem uma nova morada. Esta manter-se-á por cá mas sem atualizações. A partir de hoje, 22 de agosto, um número bonito para um bonito início, escreverei numa plataforma e morada novas. Até já!


O peso da alma que verga

O peso da alma que verga
A pior coisa que a idade nos traz é o medo. Perder a capacidade de ser um livro aberto pronto a ver, experimentar e aproveitar, sem preconceitos quanto às coisas, às pessoas, às sensações. Sem preconceitos quanto a relações, a perfeições, a erros.

A pior coisa que a idade nos traz não são as rugas físicas, são as mentais. São as dobras que vamos dando ao que conhecemos e às dobras que damos sobre as dobras. Damos dobras que nos fazem achar que tudo tem um só sentido, que depois não tem. Fazemos uma dobra para achar que a felicidade tem de ser uma constante e depois temos medo do imprevisto, da morte, da separação, do lado mau da rotina. Fazemos uma dobra que marca o que é bonito e saudável e o que é normal deixa de ter beleza. Fazemos outra dobra no que planeamos e decidimos para a vida e depois não sabemos desdobrar para que a vida suba e desça ao seu ritmo.

Acho que o pior que a idade nos traz é tanto pior quanto melhor foi a vida que nos proporcionaram. Acho que o medo é o pior e o maior quando choca com os pilares sobre os quais nos encavalitamos, como andas, que mais tarde percebemos que não são feitas de ferro, mas de madeira que se pode corroer com o caruncho. E quando aparecem uns buraquinhos nessa madeira, o medo faz-nos sentir que está tudo perdido. Mesmo sem tentar tratar, mesmo antes disso. Descemos das andas e choramos debaixo delas.

O medo faz-nos dobrar. Dobrar o que achamos que aprendemos, vergar como se o peso da alma nos marcasse a coluna. E o medo, o peso da alma que nos verga, é o pior que a idade nos traz.

Uma perda cheia de recordações boas*

Já nos perdemos em Praga, já tivemos mais 10kg do que o recomendável, já salvaste a viagem da carteira roubada, guardando o cartão de cidadão que lá faltava, viste a Sagrada FAmília e moraste comigo naquele quarto manhoso-nojento-a-cair-de-podre de ERASMUS, onde te impressionaste com gregos e checos, negativa e positivamente, e suportaste muito no caminho de regresso. Tanto ao ponto de chegares desfeita, com fita cola a imobilizar-te, ao ponto de chocares todos os que te viram no aeroporto do Porto, depois de Londres onde não te vi. O teu jeito desengonçado e o teu som inconfundível chegou a ser asíncrono e mesmo aí consegui salvar-te. Estiveste em Milão e sentiste-te irremediavelmente perdid no nevoeiro, sentiste o nosso medo quando aquele homem nos abordou e segura quando encontramos o quarto com aquela brasileira louca, com aquele Italiano que não falava inglês e que só nos convidava para ir à balada. Chegaste a Innsbruck no primeiro dia do ano connosco e voltaste a Portugal. Mas o destino quis que a eutanásiA ficasse decidida no mesmo destino da tua primeira viagem: Madrid. Até à próxima, querida mala castanha.

*possíves erros serão corrigidos quando tiver um computador.



A igreja triste*

A igreja triste*
Hoje entrei numa igreja triste. Ficava em pleno Chiado e, mesmo com toda a vida que corria lá fora, ela era triste. Sozinha, acabada. As paredes merujadas e a tinta lascada pela humidade que se lhe entranhava, davam lugar a cogumelos. Os azulejos pareciam ter vivido uma guerra. Os painéis estavam intactos mas tinham tintas escuras que lhe amedrontavam o espírito. Aquela igreja era triste porque já ninguém se importava muito com ela. 

Não sei qual era a santa padroeira. Na realidade, não percebo nada de santos. Mas mesmo ela, a santa, ainda que com cores reluzentes, pratas e dourados, metia dó. Tinha um ar pesado e costas curvadas. Aquela santa não me enchia de esperança.

Aquela igreja nem cheirava a igreja. Cheirava a santuário misturado com produtos de limpeza baratos. Quase não tinha flores e, mesmo as que tinha, pareciam ser artificiais. 

Naquela igreja só o altar apetecia olhar e tocar. A toalha era de um branco intocável, passada delicadamente a ferro. O sacristão acendera velas e era para elas que os 6 fiéis que lá rezavam, às 16h de uma quarta feira de julho, olhAvam. Comi senão quisessem ver o resto. Como se precisassem tanto de uma luz no caminho que nem reparassem nos cogumelos wue nasciam nas paredes. 

Um dos fiéis não rezava, só via quem entrava e saía, num repetir rodar de cabeça entre o altar e a porta de entrada. Outro rezava muito alto como se estivesse a mostrar que sabia rezar, ou então para que as suas preces fossem claramente ouvidas, sem subentendimentos. E ainda havia o fiel que tinha a porta como tarefa, fechando-a bem caso entrasse alguém. Devia querer que o calor não entrasse, talvez imaginasse que os fiéis que lá estavam passariam a pensar em sair, fossem atraídos pelo bom tempo e não terminassem os pedidos e agradecimentos que faziam à santa reluzente mas triste. 

Entrei numa igreja sem alma e também não encontrei a alma de nenhum dos seus fiéis. Talvez ela não exista, talvez seja isso que fazemos em igrejas: procuramos almas. Procuramos formas de as compreendermos, numa tentativa incessante de não perdermos o resta da nossa. Mas será que a nossa alma não precisa de encontrar igrejas com a sua própris alma? Uma alma cuidada, protegida, um bem com um valor incalculável? Eu acho que sim. Precisamos de almas que nos inspireM, que nos morivem a alimentarmos sempre mais estas nossas almas incompreendidas. 

*possíves erros serão corrigidos quando tiver um computador.

La fora é que é*



Levava a neve comigo para Portugal, o frio e os menor numero de dias de chuva também. Algum vento faz-me falta. Odeio muito calor. Faz-me dormir menos profundamente e lutar entre a necessidade de estar coberta e o calor. Passo os dias a perder água e a transpirar pela cara. Nunca me lembro de transpirar pela cara sem fazer exercício. Gosto mais de usar roupa que me tape os braços, gosto de cachecóis e de botas. Aqui o frio é melhor do que o de Portugal e levava-o comigo, mas deixava o calor. 

Ensinava esta malta que encostar a cara não transmite doenças. Eu não sou de grandes beijos. Geralmente dou-os mais pelas outras pessoas do que por mim. Mas por cá têm medo deles. Ora encostam ombros, afastando as caras para longe, ora apertos de mão com muita distância e pouca firmeza. Levava esta pouca necessidade de beijos, que me faz pensar muito para que não achem que sou antipática, mas ensinavam que podem ser menos nojentinhos e mesmo assim não ter doenças. 

Levava a abertura para uma boa formação não universitária e trazia o desenrasque. Cá o ensino tecnológico é uma realidade para todos, não só para os maus alunos. Mas, meus amigos, não se aguenta a necessidade de tempo para coisas tão simples. São ambas questões que vêm há já muitas gerações e que, desconfio, não mudará nas próximas.

Levava as montanhas e punha-as atrás de minha casa portuguesa. E trazia o mar pelo cheiro e pelo som. Adoro o som do mar em noites de temporal. É das melhores terapias que conheço. Mas levava o som das montanhas, os pássaros e o nada que lá se ouve. Não conheço nada tão puro como aquele som. Mas não é tão poderoso como terapia.

Levava os salários que proporcionam uma qualidade de vida que não conhecia. Trazia as indeminizações por despedimento que cá não existem. É uma questão de equiilíbrio. Se por um lado há maior qualidade de vida e bons salários, também é essencial que se poupe para o que há-de vir. 

Eu não acho que aqui só aqui é que é. Acho que aqui é que é e acho que em Portugal é que é.

*possíves erros serão corrigidos quando tiver um computador.

Liechtenstein

Territórios tão pequenos como o Liechtenstein despertam curiosidade. Se Portugal, com tantas valências únicas, mal se vai mantendo sozinho, imaginem como é viver num vale com 160 quilómetros quadrados e ser independente. É certo que funciona com muitas parcerias e, no caso do Liechtenstein, um apêndice da Suiça, mas ainda assim é de valor ter-se mantido assim por entre tantas conquistas. A verdade é que a curiosidade despertou, o fim de semana tinha tempo disponível e decidimos passar a manhã de sábado no país que, até então, não sabia pronunciar corretamente o nome.  


Levantamo-nos às 5h para conseguirmos estar às 9h na cidade austríaca que faz fronteira com o Liechtenstein (Feldkirch). De lá, um autocarro atravessou meio país e levou-nos a Vaduz, a capital. 

Tivemos tempo para nos perdermos. A única atração era o castelo e saber exatamente o caminho faz com que a graça da aventura não seja a mesma. Lá íamos, no sentido contrário ao castelo, por uma estrada reta que nos levava às montanhas. Os 12 graus à sombra não tinham nada a ver com a temperatura que o sol a bater gerava. Eu derretia até que, a certo ponto, paramos para fotografar. Olhamos para trás e vimos a subida do castelo junto ao nosso ponto de partida. Fizemos a mesma reta, no sentido inverso, com vista para a montanha e para o castelo. 

Visitamos a igreja mais sem graça e, no caminho encontramos uma loja de jogos chamada Mikado. Tinha um pauzinho de Mikado a toda a altura do edifício e era bem amorosa. Trouxemos um jogo suíço como souvenir. Não tem regras em inglês, nem as há na internet. Vai ter a sua graça. Adiante, estávamos a caminho do castelo. A subida começou, a vista era sempre mais bonita. Íamos lendo placas sobre a história e sobre o funcionamento do país. E quando fizemos aquela curva sentímo-nos num filme. Mesmo impressionante! Um castelo medieval com uma rua deserta a lá chegar. Não sei se por aí também se encantam com estas coisas, mas a beleza natural articulada com castelos e construções bem integradas na paisagem emocionam-me. Gravamos o momento com a Kodak Instamatic e montamos picnic mesmo ali, junto ao castelo.

Deixo-vos algumas fotografias. 



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Esta é em Feldkirch

Sentímo-nos em casa quando...

Gosto muito do sentido de comunidade, mais do que do de sociedade. Cresci numa vizinhança que, de ano para ano, foi sendo cada vez mais isso, uma comunidadezinha onde só de lá saíam (e continuam a sair) coisas boas. Isso inclui os vizinhos tomarem conta das casas um dos outros, inclui partilhar sobras, emprestar espaço livre, guardar coisas na casa dos outros se não houver espaço, entre um sem número de coisas. Assim mais do que família, às vezes, porque a proximidade com pessoas que têm as suas vidas, traz parcerias com independência, em que cada um tem a sua vida, mas conta com o outro, sem ter nele uma bengala, uma necessidade para a sobrevivência ou tomada de decisão. 

E há uma coisa que se partilha sempre numa comunidadezinha deste género. Sabem o que é? Compotas! Quer elas sejam marmelada ou um doce de outro fruto qualquer. Faz-se sempre a mais e partilha-se. Deram-nos uma compota aqui também, e isso é, notoriamente, uma sensação de casa. Ainda que não seja grande fã.


O futuro das (minhas) redes sociais


Foto: Shutterstock
Questiono-me sobre o futuro das redes sociais de vez em quando. O que deixará de existir, o que substituirá o facebook. Ou se não deixará de existir. Se as gerações depois da minha lerão blogs (eu acho que não conheço ninguém com menos 5 anos do que eu que leia blogs... ou lê livros, ou não lê rigorosamente nada). Se o futuro passa exclusivamente por vídeo, pelo youtube ou outras plataformas que surjam. O facebook está a acompanhar essa tendência: sempre mais imagem, sempre menos texto e de, preferência, mais vídeo. Esse vídeo online reduziu fortemente o share dos canais televisivos e a tendência é que se intensifique e que um dia a televisão (não o objeto, mas o mercado) se torne obsoleta.

A parte que mais me incomoda nisso, de mais vídeo, menos imagens e muito menos texto, é que se perde a profundidade. Um vídeo não pode ir muito a fundo num tema, para que não perca interesse, para que não se salte para um dos muitos vídeos ali ao lado. Um texto, quando lido, quando começado, quando com alguma curiosidade, faz com que o leitor queira chegar ao fim, rápido, queira perceber o final, a ideia, onde é que aquilo vai chegar, sem cores ao lado a atraí-lo. E sem texto, sem leitura, qualquer que seja a sua origem, seremos pessoas mais pobres. Muito mais pobres e nunca teremos o prazer de conhecer o mundo que há por trás de um monte de letras.

E porquê que isto interessa? Essencialmente porque sempre que percorro o feed do facebook sinto-me enfadada. Dantes divertia-me, descobria coisas novas. Agora só encontro notícias sensacionalistas, artigos do site brasileiro mais manhoso ou desastres. Já pensei em eliminar a minha conta. Mas é por lá que comunico com a maioria dos meus amigos. Já pensei em deixar de publicar coisas, mas eu até gosto de partilhar. No entanto, eliminei umas quantas páginas que seguia, acrescentei umas tantas outras mais interessantes e vou tentar ver o meu feed, no máximo, uma vez por dia. Quanto a eliminar o perfil, talvez um dia, se achar que já não serve como meio de comunicação. 

Quanto ao blog, manter-se-á por longos e bons tempos, espero eu. Gosto da disciplina de publicar diariamente. Gosto e faz-me bem. Ainda que variando a qualidade dos textos, vou treinando o português. E se há coisa que não me posso nunca esquecer é de como se escreve português. Fica a dica.

Nortada? Onde andas?

Nortada? Onde andas?
Há uma coisa que eu odeio neste vale onde moro: o verão. Vá, nem é o verão, é o calor. O verão aqui é uma oscilação entre um calor terrível e uma tempestade com direito a chuva e trovoada. Adoro a chuva, o raro vento e não me importo nada que haja mau tempo TOOOODOS OS DIAS. Porque os dias de calor, minha nossa, levem-nos daqui, por favor. Fico para morrer. Transpiro pela cara. Eu nunca transpiro pela cara se não fizer desporto. Lavo o cabelo todos os dias, coisa que me chateia pelo tempo que me rouba e por acabar por dormir com ele húmido todos os dias. Não aguento mais do que dois quilos às costas e as minhas pernas só estão bem acima do nível do coração. A minha temperatura corporal ronda os 35ºC e a circulação não está preparada para este calor. Só estou minimamente bem junto de água e a não fazer nada. Nada que produza calor. Às vezes nem consigo mexer os dedinhos para um jogo no telemóvel. Já tomei uns quantos banhos de água fria para arrefecer e, geralmente, isso também não é agradável. Os choques térmicos são, na realidade que conheci até então, muito desagradáveis para mim e, nos dias de calor, sinto falta do mar gelado. Imaginem o drama! E, também, o sol é mais agressivo cá. Uma hora, nas horas de sol mais intensas, provoca escaldões. Apanhei um escaldão na cabeça este ano e isso nunca acontecera antes. Tenho de me encharcar de água, até ter sapos no estômago, para que não haja dores de cabeça. O sono é muito leve porque vivo entre o drama de precisar de estar coberta para dormir e o calor que um só lençol, de janela aberta, me faz. Não há nada melhor para um sono profundo do que um quarto frio, em que tenho muito peso de cobertores em cima de mim. Entalo os cobertores dos dois lados e fico ali, no casulo, a noite inteira, num só sono, contínuo, profundo e descansado. Se um dia puder escolher, vivo o inverno cá, na neve e no frio, sem chuva, e o verão aí, com a bela da nortada de Espinho. 

Medo

Medo
Todos sentimos isto, em maior ou menor escala. Todos ouvimos, lemos e assistimos a notícias que nos alimentam os pensamentos negativos, a ansiedade, a sensação de insegurança, a sensação que a calma que faz ali fora, ali nas montanhas, é uma calma fria e matreira. Às vezes somos capazes de deixar passar o abalamento, de deixar andar porque foi longe, porque é um assunto pontual. Mas depois deixa de ser pontual. Depois deixa de ser um caso particular, em lugares onde não conhecemos ninguém. Passa a ser connosco também. Começamos a sentir o aproximar nos calcanhares, bem devagar e rasteiro. Começamos a ter um medo que parece ser real.

Li há pouco esta notícia, onde dão um destaque gigante a uma pequena referência. É o sensacionalismo deste jornalismo fácil que trespassou as revistas cor de rosa e o Correio da Manhã. Almas frágeis, depois da leitura da tal notícia, ficam a acreditar profundamente que o próximo ataque terrorista será na Península Ibérica. Mas, na realidade, eu, que fui ler o tal relatório, vi que apenas é feita a referência de ameaças a esta península, no mesmo patamar que outros cinco países europeus. 

É assim que as notícias amedrontam. É nestas vezes que não deixamos passar em branco, pela proximidade. Mas também é assim que se sente a necessidade absurda de fazer do jornalismo um negócio e não informação. Ponderada, detalhada e fidedigna. É assim que não gostamos deste mundo e que queremos mandar parar tudo e desistir do jogo. Já não tem graça. Não tem graça jogar com batota.

Em fevereiro surpreendi-me com as armas que os polícias carregavam na estação de comboios de Munique. Depois habituei-me. Há-os por toda a Europa e, confiando neles, só nos sentimos mais seguros. Na última vez que dormi no aeroporto de Munique, dei por mim, pela primeira vez, com algum receio. É um aeroporto central, muito importante e cheio de gente, durante a noite e a qualquer hora do dia. Aquele receio que falava, chegou-me aos calcanhares nesse dia. Menosprezei. Não voltei a lembrar-me de tal coisa. Mas depois houve mais ataques, tantos em tão pouco tempo. E em alguns dias voltarei a dormir em Munique, no aeroporto,voarei para Espanha, depois para Portugal e chegarei a casa de comboio. São muitos lugares com muita gente e os meus calcanhares não sentem nada, mas fica a ideia. Aquela ideia que vou apagar até lá. Mas é essa mesma ideia que nos faz olhar de forma desconfiada para o nosso vizinho porque ele é preto, branco ou amarelo. Eu vou esquecer porque olhar para o vizinho por essa razão, não faz sentido. Porque uma vez ia num passeio largo e, ainda hoje, não sei que raio de instinto me salvou de um atropelamento parvo. Porque é isso, simplesmente isso. Não há certezas de nada. E isso também é muito bom.

[Já tinha este post escrito quando, em Bruxelas, um estudantes, que fazia testes de radiação, foi identificado como suspeitos porque tinha fios pendurados. O medo torna-nos ridículos.]

Acreditar

Acreditar
Li este texto há algum tempo. Não me esqueci dele por causa do seu lado romântico, que arrepia de vez em quando. Não me esqueci dele porque vem a desacreditar-se do mundo (de forma mal fundamentada) e eu, no topo dos meus vinte e quatro dezanove anos, não posso deixar que isso aconteça.

A Europa, tal como a sociedade, são construções nossas. Somos nós, as pessoas, que a criamos na procurar de uma solução melhor, mais eficaz e capaz de competir com os grandes. O problema é que a Europa é um conjunto de criancinhas encavalitadas umas nas outras, vestindo um fato de adulto. Não é um crescido a sério. Qualquer desiquilíbrio lá vai, desmorona-se. Mas o facto de sermos criancinhas, pequenas e com uma altura pouco imponente, incapazes de competir de igual para igual, não faz de nós menos encantadores.

A Europa é encantadora, desde a união das criancinhas à individualidade, a cada pormenor delas, a cada dedinho ou bochecha. Eu sou uma fã deste cruzar-fronteiras sem limites, destes braços abertos, de cada novo lugar que conheço, de cada pessoa e até das pessoas malucas das montanhas. A Europa desequilibra-se constantemente e se cair, as criancinhas arranjarão outra solução. E outra e outra, que o ganho (também) está na persistência. Um dia destes lembram-se de construir uma pirâmide, com os mais fortes na base e, aí, ninguém as pára. Até lá, não se desacreditem. Não se assustem com a malta marada que anda por aí. Não pensem, não repensem. Não a matem por antecipação, não se agarrem a teorias. 

Afinal de contas, as histórias más das viagens, serão sempre boas histórias para partilhar (por essa Europa fora).



Fim de semana, para que te quero?


Depois do mundo se assustar com ele próprio, depois de retermos a respiração com medo de tudo e de suspirarmos porque não faz sentido andarmos com medo de cada passo, tivemos um fim de semana bom que mas voou. Fomos ao Liechtenstein, ao Bodensee, dormimos muito e trocamos o lago pelo ginásio, já que estava mau tempo. Mas sobrou pouco tempo e não consegui preparar um post sobre o passeio. Ficam as fotografias do Instagram e o desejo de uma boa semana.